A boa escuta!


Um bom terapeuta não escuta somente o conteúdo da fala que o cliente produz, mas o som, a música, as hesitações. A comunicação verbal é geralmente uma mentira. A comunicação real está além das palavras.  Assim, não escutem as palavras, escutem apenas o que a voz lhe conta, o que os movimentos contam, o que a postura conta, o que a imagem conta. Se você tem ouvidos, então sabe tudo sobre a outra pessoa. 
Você precisa escutar o que a pessoa diz: escute os sons. Per sona – “através do som”. Os sons contam tudo. Tudo o que uma pessoa quer expressar está lá, não nas palavras. O que dizemos é na maior parte mentira ou blábláblá. Mas a voz existe, os gestos, a postura, a expressão facial, a linguagem psicossomática. Estará tudo lá se você aprender a deixar o conteúdo das sentenças mais ou menos no segundo plano. 
E se você não fizer o erro de misturar sentenças a realidade, e se souber usar seus olhos e ouvidos, então verá que todo mundo se expressa de uma forma ou de outra. Se você tiver olhos e ouvidos, o mundo estará aberto. Ninguém poderá ter segredo porque o neurótico só engana a si mesmo e a mais ninguém – exceto por um momento talvez, se ele for um bom ator. Frequentemente, o som da voz não é notado, apenas o contato verbal é abstraído da personalidade total. Quando um jovem se expressa estando inclinado para frente – a personalidade total se expressa por movimentos, posturas, sons, silhuetas, revela tanto material de valor incalculável, que não temos que fazer nada além de obter o óbvio, a superfície extrema e devolver isso de forma a tornar consciente o cliente.
 O feedback foi a contribuição de Carl Rogers para a psiquiatria. Na maioria das vezes ele apenas devolve as sentenças, mas existe muito mais para ser devolvido: alguma coisa da qual vocês podem não estar conscientes, e aqui a atenção e consciência do terapeuta podem ser úteis. Assim, temos mais facilidade do que os psicanalistas, porque nós vemos a pessoa total à nossa frente; e isso acontece porque a Gestalt-terapia usa olhos e ouvidos e o terapeuta permanece inteiramente no agora. Ele evita a interpretação, a produção de palavras e todos os outros tipos de masturbação mental. A masturbação mental, é também um sintoma que pode estar encobrindo alguma outra coisa. Mas, o que está ai, está ai. A Gestalt-terapia é estar em contato com o óbvio.

Bibliografia consultada:

Gestalt – terapia explicada / Frederick S. Perls,1977, p.81-82

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