Interpretação dos Sonhos


1-INTRODUÇÃO
            Publicada em novembro de 1899, mas trazendo a data de 1900, A interpretação dos Sonhos parecia mesmo destinada há marcar o século vindouro. Ela apresenta a grande descoberta de Freud, uma dessas revelações que, só acontecem uma vez na vida: o sonho pode ser interpretado, e sua interpretação mostra que ele consiste em uma realização de desejo.  O homem sonha, mesmo que esqueça, ainda que não queira, até quando não sabe. O homem é aquele que sonha, Freud parece afirmar, nesta que é considerada sua obra maior e que podemos tomar como inaugural tanto da psicanálise quanto, muito mais amplamente, do próprio século XX.
O sonho não é um fenômeno acessório ou aleatório, mas um importante e complexo trabalho psíquico. Seu mistério reside no fato de que ele distorce e disfarça o desejo que o impulsiona, com o objetivo de driblar a censura psíquica que se opõe à manifestação das representações ligadas a esse desejo.
Vivemos nos sonhos, portanto nossos desejos de modo disfarçado, graças à imobilidade motora e à retirada de interesse pelo mundo externo que caracterizam o estado de sono. O sonho é o guardião do sono, ele tenta impedir o despertar. Por isso ele incorpora estímulos externos, como campainha de um despertador, o dobrar de sinos ou a buzina de um carro. A interpretação do sonho desfaz os disfarces e traz à tona a ligação entre o que parece como absurdo ou alheio ao sonhador e a vida psíquica deste, fazendo surgirem sentidos em um sonho.

De acordo com Freud, o sonho dos neuróticos não difere do sonho das pessoas normais, ele chega a falar que a diferença entre a neurose e a saúde, vigora apenas durante o dia, não se estende à vida onírica. A vida real que leva ao conhecimento das atividades da mente, e não apenas isso, mas também é o melhor caminho para o estudo da neurose. Uma pessoa sadia é virtualmente um neurótico, só que os únicos sintomas que ela consegue produzir são os seus sonhos. Assim, os sonhos não são apenas a via privilegiada de acesso ao inconsciente, eles são também o ponto de articulação entre o normal e o patológico.
2-DESENVOLVIMENTO
             O método freudiano consiste simplesmente em fazer com que o sonhador fale sobre o sonho. Isso significa aplicar ao sonho a regra de ouro da psicanálise, a associação livre de ideias, a célebre proposta de que se fale tudo o que vier à cabeça, sem censuras ou restrições. Em vez de falatório sem nexo, essas associações revelam-se nada livres, mas firmemente ligadas a um encadeamento inconsciente, que a interpretação tenta reconstruir. Cada sonho traz em si, portanto, uma descoberta de, que o trabalho interpretativo desdobra e faz florescer. A interpretação de um sonho é uma tarefa infinita, é sempre possível recomeça-la em outra direção e chegar a outros sentidos para um mesmo elemento do sonho.
Além disso, ela é interminável no sentido em que resta sempre algo obscuro e desconhecido, isso que Freud curiosamente chama de “umbigo do sonho”, o ponto que nos suspende e detém, fazendo da experiência de interpretar mais um estranhamente do eu do que uma plena e racional conquista do inconsciente.

3-CONCLUSÃO
            Segundo Freud os sonhos tem duas afirmações, a primeira é que os sonhos não são absurdos, mas possuem um sentido, e a segunda é que os sonhos são realizações de desejos. Enquanto fenômenos psíquicos, os sonhos são produções e comunicações da pessoa que sonho e é através do relato feito pelo sonhador que tomamos conhecimento dos seus sonhos. O que é interpretado psicanaliticamente não é o sonho, mas o relato. Por outro lado, o relato do sonho nos parece ininteligível assim como ao próprio sonhador.
            Diacordo com Freud a pessoa que sonha sabe o significado do seu sonho, apenas não sabe que sabe, e isso ocorre porque a censura a impede de saber. A função da interpretação é exatamente a de produzir a inteligibilidade desse sentido oculto.

Referência Bibliográfica:
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 24ª reimpressão da 2ª. ed.Rio de janeiro: Zahar,pp.61-77, 2013.

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