ANÁLISE JUNGUIANA DA CARTA DA TERRA: DOCUMENTO NORTEADOR DO RIO + 20
Análise
Junguiana da Carta da Terra: Documento norteador do Rio + 20
Valdir
Almeida da Costa, Ana Maria de Nicoló Concatto e Clélia Christina Mello Silva.
1- Introdução
A Carta da Terra é um
instrumento motivador para discussão da relação entre a humanidade e o planeta
terra. A carta apresenta a importância do planeta, tangenciando a diferenciação
do mesmo, a presença da biosfera. A relação desta biosfera entre si e com o
planeta é a questão norteadora e desafiadora do documento. Este relata os
desafios futuros e a responsabilidade universal da humanidade, dada pela
consciência destes fatos (MMA, 2012).
Para a resolução dos problemas
ambientais é necessário que a humanidade tome consciência de si mesma,
concretize o processo de individuação, se diferenciando dos outros seres vivos,
mas integrando-se entre si, permitindo a busca do equilíbrio, condição essencial
para a construção de um ecossistema saudável.
Conscientização é um processo de consenso
universal, no qual a humanidade se vê como parte de um todo e de um todo
complexo. Para atingir este processo o homem deve dar significado aos conceitos
de participação mítica e representação coletiva arquetípica, a fim de buscar a
sua própria verdade, com a dominância da ciência.
A Carta da Terra apresenta na sua
linguagem pedagógica apelos arquetípicos, que se não tiverem base conceitual
científica e prática, com compromisso de nações, tornar-se-á apenas signos,
alegorias.Com base na análise
junguiana, este trabalho se propõe a sinalizar alguns simbolismos presentes na
carta e a debater a praticidade da mesma.
2-Desenvolvimento
Para
análise da Carta da Terra escolheu-se os cinco primeiros itens que embasam e
antecedem os princípios a serem seguidos pelas nações, sendo eles: Preâmbulo,
Terra: nosso lar, A situação global, Desafios futuros e Responsabilidade
universal.
A
análise, segundo Jung: “é um procedimento
de decomposição que enquanto tal busca componentes elementares, mas sempre em
vista de uma nova composição dos mesmos elementos.” Detalhando os itens
apresentados, observou-se que o texto apela para alguns símbolos como: povos da
Terra, para descrever a humanidade; Nosso lar, para denominar o planeta Terra;
a proteção como dever sagrado, para definir o compromisso do homem com o bem
estar do planeta; formar uma aliança global para cuidar da Terra, a fim de
denominar pactos globais, cartas e outros documentos que devem ser assinados
por todos os governantes.
Para avaliar os símbolos,
começamos pelos povos da Terra: A humanidade. O ser humano é uma continuidade
do planeta Terra, da grande mãe. O homem não é um ser distinto da sua origem,
mas remetido circularmente nela. O homem
como ser racional, se emancipou naturalmente da Grande mãe (natureza) e reuniu
objetos de experiências, isto é, fenômenos da consciência e conteúdos
decorrentes de um inconsciente que não permanece como um ser embrionário e
dependente, mas deixa para traz um eu arcaico e abraça o Si mesmo, trazendo
reconhecimento desta parte da sua psique incongnicível e não delimitável.
Quanto a Terra, sendo o
nosso lar e a proteção do sagrado pode-se dizer que a natureza presente em todo
planeta, traz em si vitalidade, diversidade e beleza sagrada, mas porque tanta profanação
do nosso lar. O homem se profanou, as comunidades adoeceram, se arruinaram, os Si
mesmos agonizam-se, fazendo com que o homem se torne pequenos “eus”
distanciados de sua gênese. Injustiça, pobreza, ignorância e conflitos
violentos são exemplos deste distanciamento. Como construir um mundo
democrático e humano, se nós estamos nos tornando máquinas? O homem é tomado
pelo consumismo desenfreado, arriscando-se na destruição da diversidade da
vida, como extrair dele o espírito de solidariedade por esta natureza, por este
lar, dito sagrado? O homem se vê como uma consciência míope e manipulada por
cifras.
No tocante do
desenvolvimento sustentável, compromisso do homem com a preservação da espécie
humana, da flora e fauna, enfim, do planeta, há necessidade de tomar consciência
do Si mesmo e do outro. Os diferentes “eus” individuais projetando-se no Eu
coletivo, permite que a humanidade
não apenas se crie, mas sim que cada um dos “eus” possam se expressar, a partir
de suas experiências individuais, emanando por si mesmo, disposições superiores
cognitivas dentro de um ”eu” superior, caracterizando uma união intrínseca,
completa e saudável com a grande mãe e o elenco coletivo de coautores a uma
existência de Si mesmos. Deve-se praticar principalmente não poluir a psique humana.
A carta da Terra deve ser
fruto da responsabilidade construída de uma horizontalidade coletiva e maciça
entre nações, gerando mudanças imediatas aos vícios de “eus” em desamparo
embrionário, que não reconhecem a imagem da grande mãe Terra, onde os “eus” se
portam em supremacia a face mutiladora da vida, figura do planeta terra. Enquanto
o homem se afasta do ser primitivo, ele perde a razão. Ao mesmo tempo em que
ele busca a razão para resolver os seus conflitos, ele se afasta do que é
natural e destrói aquilo que é próximo, aquilo que ele mais ama, a sua origem,
o seu lar, o planeta Terra.
3-Considerações
Finais
Se não colocarmos os documentos, as cartas em
prática; se a humanidade, representada na pessoa dos governantes não abrirem a
porta do inconsciente coletivo e reverem atitudes de destruição do nosso
planeta, nossa mãe, todos os projetos serão esquecidos como outdoors sofisticados nos corredores da
vida para cegos veem.
Bibliografia consultada
Pieri, P. F. Dicionário Junguiano. Petrópolis: Vozes, 2002.
MMA. Ministério do Meio Ambiente.
Brasil. A carta da Terra. Disponível
em: <htpp//www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta_terra.doc>. Acesso em 03/2012, ás 20h00min.
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