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Do Livro Vermelho de C.G.Jung

- Capitão, o menino está preocupado e muito inquieto devido à quarentena que o porto nos impôs. - O que te inquieta, menino? Não tens comida suficiente? Não dormes o suficiente? - Não é isso, Capitão. É que não suporto não poder ir à terra e abraçar minha família. - E se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a culpa de infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença? - Não me perdoaria nunca, mas para mim inventaram essa peste. - Pode ser, mas e se não foi inventada? - Entendo o que queres dizer, mas me sinto privado da minha liberdade, Capitão, me privaram de algo. - E tu te privas ainda mais de algo. - Está de brincadeira, comigo? - De forma alguma. Se te privas de algo sem responder de maneira adequada, terás perdido. - Então quer dizer, segundo me dizes, que se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim mesmo? - Exatamente. Eu fiz quarentena há 7 anos atrás. - E o que foi que tiveste de te privar? - Eu tinha que e...

A arte de ser bondoso consigo mesmo

  A arte de ser bondoso consigo mesmo se divide em cinco talentos: 1. estar presente a si mesmo: - ao seu corpo, - ás suas emoções e necessidades. 2. Ousar cuidar de si mesmo, mesmo que isso desagrade a alguém: - tratar-se bem, - agradar a si mesmo, - respeitar os seus limites (quando estiver oferecendo algo aos outros), - distinguir o que é bom e o que é prejudicial para você. 3. Cultivar um diálogo humano por meio: - da expressão de si, honesta e assertiva (exprimindo aquilo que está vivo dentro de si, sem agredir, julgar ou criticar os outros), - do ato de escutar os outros, de formar empática e respeitosa(tentando compreendê-los e fazer que se sintam compreendidos, seja qual for a maneira como eles estejam se expressando), - da expressão de gratidão ou sabendo (se) agradecer. 4. Criar uma vida de acordo com quem, no fundo, você é: - escutar a si mesmo(a) no intuito de se conhecer melhor (autoempatia), - correr atrás dos seus sonhos. 5...

O tempo é nosso inimigo

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Você passa o seu tempo lutando contra o relógio. Esse estilo de vida alimenta o espirito de competição. De certo ponto de vista, é uma vantagem esse tipo de competição, desde que ela seja sadia. Você gosta de esforços e, para você, um problema só se torna sério se for difícil.  Ganhar ou perder não tem sentido algum, pois, aconteça o que acontecer, você só dispõe da totalidade de tempo que lhe é disponível: 24 horas por dia! Vamos praticar um pequeno exercício, para aliviar um pouco desse esforço. Comece ensinando a sua mente a se desapegar e aprender a ficar sem fazer nada.  Deixe, os seus dias mais leves eliminando primeiro as tarefas supérfluas. Por fim, cuidado com o estresse e até com o "burnout". Tome medidas urgentes para descobrir e praticar técnicas antiestresse.

Os filhos do quarto.

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Antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares, hoje temos perdido eles dentro do quarto! Quando brincavam nos quintais ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e ao ouvi-los, mesmo a distância, sabíamos o que se passava em suas mentes. Quando entravam em casa não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos. Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias, as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança. Quanta imaturidade a nossa. Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus saberes sem que saibamos o que é… Perdem literalmente a vida, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros, que em nada contribuem para formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores famil...

Funcionamos em ciclos.

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O universo funciona em em ciclos, em eras, em camadas, nas quais uma repete a outra, no sentido de que a anterior está totalmente contida na posterior que, por um complexo processo evolutivo, deu um passo a frente, conservando muito e, às vezes, tudo da fase anterior e ultrapassando-a, pois , no universo, nada se perde, nada se destrói, tudo se transforma. Ou seja, um novo ciclo conserva muito do anterior, transformando-o e acrescentando novas propriedades evolutivas. ( Jorge Ponciano Ribeiro)

Sobre a Transitoriedade

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Não faz muito tempo empreendi, num dia de verão, uma caminhada através de campos sorridentes na companhia de um amigo taciturno e de um poeta jovem mas já famoso. O poeta admirava a beleza do cenário à nossa volta, mas não extraía disso qualquer alegria. Perturbava-o o pensamento de que toda aquela beleza estava fadada à extinção, de que desapareceria quando sobreviesse o inverno, como toda a beleza humana e toda a beleza e esplendor que os homens criaram ou poderão criar. Tudo aquilo que, em outra circunstância, ele teria amado e admirado, pareceu-lhe despojado de seu valor por estar fadado à transitoriedade. A propensão de tudo que é belo e perfeito à decadência, pode, como sabemos, dar margem a dois impulsos diferentes na mente. Um leva ao penoso desalento sentido pelo jovem poeta, ao passo que o outro conduz à rebelião contra o fato consumado. Não! É impossível que toda essa beleza da Natureza e da Arte, do mundo de nossas sensações e do mundo externo, realmente venha a se ...

ACEITAR O CLIENTE.

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Aceitar o cliente não significa acolhê-lo materialmente. É uma atitude interna pela qual o psicoterapeuta aceita o cliente com seus erros, defeitos, qualidades boas ou menos boas, com suas tendências positivas ou negativas. É desnecessário lembrar rejeições que partem de questões como cor, beleza, raça, religião etc. Não importa quem o cliente é para o psicoterapeuta, importa o que ele sente, pensa, faz e fala de si mesmo, pois a máxima qualidade de alguém  é ser pessoa, ser gente, sentir-se indivíduo com sua individualidade e singularidade próprias e assim ser recebido. Tal atitude não significa que o psicoterapeuta concorde com todas as posições do cliente, mas apenas que ele deve percebê-lo na sua singularidade, recebê-lo com compreensão e olhá-lo com amor. (Psicoterapia- Teorias e técnicas psicoterápicas/ Jorge Ponciano Ribeiro, - 2º. edição. revista e atualizada. São Paulo: Summus, p.199,2003.)